sexta-feira

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Nunca tinha escutado esta palavra antes: Posilipo.
É um lugar na Itália, perto de Nápoles.

Posilipo, em grego, quer dizer pausa da dor. Fiquei sabendo, através do livro da Clarice Lispector, Correspondências, que Posilipo é um lugar belo e doce, com mar, montanhas, árvores, e que realmente consegue suspender nosso sofrimento.
Posilipo está longe demais, num pedaço de mapa que talvez eu nunca venha a passar, e talvez nunca vocês. Portanto é preciso recriá-la aqui mais perto, ao nosso alcance. Uma Posilipo cenográfica, que encante os olhos e a nossa alma, e ofereça pausa pra dor, que nossas dores merecem tirar férias também.


Posilipo pode ser, por exemplo, sua cozinha. Um lugar onde você cria, onde você aspira aromas, prova novos sabores, se alimenta, e alimenta os outros.

Pausa pra dor.Falando em cozinha, Posilipo pode ser o Arroz doce com mel que aprendi ontem em um programa de TV. Tão gostoso, tão delicado que parece que flutua sobre nossa língua. Pausa pra dor.

Polisipo, também, pode ser um livro. Alguns nos atingem tão profundamente que provocam dor, mas isso é igualmente pausa pra dor, porque a dor reconhecida, espelhada, acessível, é uma dor mais compreendida, e compreendida torna-se mais íntima, uma espécie de dor de estimação, menos dolorosa, quase um prazer. E outros livros trazem só prazer, sem dor.

Posilipo: um amigo ou amiga. Não um festão, que às vezes todos reunidos só fazem a gente se sentir mais sozinho. Um só. Uma só. E uma noite longa para conversar, uma tarde inteira trocando confidências, rindo juntos,jogando baralho , assistindo um filme, ou simplesmente juntos, fazendo nada. Pausa pra dor.

Ajudar os outros, aliviar a dor dos outros: pausa pra nossa. Ao socorrer alguém num acidente, ao levar apoio a quem precisa, ao fazer um favor, estamos inaugurando várias Posilipos. Afastados de nossos próprios problemas, tornamo-nos cidadãos de uma Posilipo na beira da estrada, outra num quarto de hospital, Posilipo num orfanato. Dedicação à dor alheia, pausa pra nossa.

Por fim, o mar. Acho que nunca chorei em frente ao mar. Qualquer mar é Posilipo pra mim.

Estou saindo neste feriado, deixo aqui este texto no blog.

Uma pausa para pensar em mim...para curtir mais meu precioso filho, caminhar e dar um tempo da Internet, estarei desconectada, não lerei e-mails. Onde? Num lugar que não tem o mar da Itália, nem as suas árvores e suas montanhas, e cujo nome não é Posilipo, mas que torço para que Posilipo me pareça.

Amplexos.

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