Tudo mundo errou no infame episódio em que uma menina de 15 anos era freqüentemente estuprada na cela de uma delegacia local onde estavam encarcerados vinte homens: a família, a polícia, a defensoria Pública, o Ministério Público. De fato, todo mundo errou.
Alguém filmou com o celular uma fila de homens tendo relações com uma garota. Não se sabe se é a de 15 anos, mas a cela é a mesma. O certo é que em Abaetetuba tudo era feito às claras.
Nenhuma punição penal, no final da encenação das autoridades, apenas alguns afastamentos. Nem o desastrado delegado foi demitido, como se anunciou. Na verdade, ele se demitiu. Fez aquela declaração insultuosa responsabilizando a vítima, chamado-a de débil mental, foi convocado pela governadora, ouviu uma suposta reprimenda, colocou o cargo à disposição e recebeu elogios: a governadora agradeceu-lhe pelos serviços prestados “com ética e dedicação”. Como com ética?? Já havia contra esse delegado processo por abuso de autoridade! Tudo bem, ela providenciou depois a varredura nas delegacias. Mas por que não fez antes? Por que levou tanto tempo para tomar conhecimento da deplorável situação carcerária do seu estado? Dizer que não sabia já é uma confissão de culpa.
As sucessivas violências sexuais foram cometidas numa cela que era vista por quem estivesse na calçada. Uma repórter verificou pessoalmente que da rua em frente à delegacia tem-se visão ampla da carceragem. Moradores lhe contaram que ouviam a menina gritar pedindo comida. E por que não denunciaram? Uma mulher deu a resposta: “se a delegada põe uma menina na cela com os homens, e a juíza mantém ela lá, quem sou eu para denunciar... para quem?” Ela tem razão. Dessa história degradante, não sobra sequer um bom exemplo, com o agravante de todos os envolvidos diretamente no caso – do governo e do judiciário – são mulheres.
As sucessivas violências sexuais foram cometidas numa cela que era vista por quem estivesse na calçada. Uma repórter verificou pessoalmente que da rua em frente à delegacia tem-se visão ampla da carceragem. Moradores lhe contaram que ouviam a menina gritar pedindo comida. E por que não denunciaram? Uma mulher deu a resposta: “se a delegada põe uma menina na cela com os homens, e a juíza mantém ela lá, quem sou eu para denunciar... para quem?” Ela tem razão. Dessa história degradante, não sobra sequer um bom exemplo, com o agravante de todos os envolvidos diretamente no caso – do governo e do judiciário – são mulheres.
Quando não se tem a proteção institucional da polícia, da justiça e do Ministério Público, tem-se o domínio da barbárie. O pior, é que se sabe que esse não é um problema apenas do Pará. A barbárie ocorre em outros locais do país. Nem por isso tem que ser aceita. Um crime como esse não deixa de ser hediondo por ser banal.
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